A Igreja Presbiteriana Independente do Brasil ordenou 6 novas pastoras para o ministério da palavra e sacramentos. “A ordenação destas mulheres apenas confirmou oficialmente o ministério que elas já desenvolviam há anos,” diz a Rev. Maria Helena Faleiros, com quem conversamos sobre a realidade da liderança feminina na região de Londrina, Brasil.
A liderança feminina é uma realidade entre as igrejas que compõem nossa Aliança, sendo expressa de maneiras diferentes. Em setembro de 2018, irmãs pertencentes às igrejas Presbiteriana Independente, Presbiteriana Unida e Evangélica Congregacional, no Brasil, elaboraram conjuntamente a proposta litúrgica por ocasião do “Dia de Oração pela Mulher Latino-Americana.” Como mensagem de intercessão, as irmãs afirmaram:
“Para Deus, não importa se você é menina ou menino, mulher ou homem, és única e único, valiosa e valioso, e importante pelo fato de ser sua filha e filho amados. A Palavra de Deus diz: “Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque vós sois UM em Cristo Jesus.” (Gal. 3:28)
Dimensionar este chamado de igualdade na construção diária das igrejas, composta por homens e mulheres, estrangeiros e nativos, exige que compreendamos o presente e compartilhemos a jornada da fé como igrejas reformadas e latino-americanas: vivendo este mesmo fenômeno, nas diferentes realidades regionais e locais; a mesma missão, através de diferentes tradições históricas e organizações eclesiásticas.
Para entender o presente, é necessário conhecer e reconhecer o passado, contrastá-lo com os dados atuais e projetar o futuro. Em 29 de fevereiro, a 1º IPI de Londrina celebrou um acontecimento histórico que “vai ficar marcado em nossa igreja:” seis mulheres foram ordenadas para o ministério da palavra e sacramentos: Andréia, Camila, Iraídes, Maria Christina, Neide e Patrícia; e 2 homens: Cilas e Leandro.
A Rev. Maria Helena Santos Faleiros é a primeira presbítera do Presbitério de Londrina, sendo ordenada há mais de vinte anos (1999). Bacharel em teologia e psicóloga, especializada em educação especial, Rev. Maria compartilhou conosco um pouco a respeito da atual participação de mulheres na vida de fé da família presbiteriana nesta região.
A IPI ordena mulheres ao Ministério da Palavra e Sacramentos desde 1999. Como a participação de mulheres na cidade e no Presbitério de Londrina, se desenvolveu de “lá para cá”?
Quando a IPI do Brasil aprovou o ministério feminino, o pastor geral da igreja local era o Rev. Messias Anacleto Rosa e o Rev. Mathias Quintela de Sousa era pastor auxiliar; eles eram também o vice-presidente e presidente da Assembleia Geral da IPI, respectivamente. Os pastores sempre apoiaram o ministério feminino.
Em 1997, a igreja local implementou a visão de igreja em células, pequenos grupos, e desde o início a liderança desses grupos foi assumida por homens e mulheres, com a visão de cuidado pastoral. No ano de 1999, com aprovação do ministério feminino, fui eleita a primeira presbítera da igreja local. Na época, não houve dificuldade ou resistência em relação à minha participação no Conselho. Fui bem acolhida e reconhecida pelo grupo. Em 2002, outra presbítera foi eleita, Neide Ribeiro, a qual foi ordenada a ministério da palavra e sacramentos nesse sábado. Em 2007, eu e a Rev. Cibele fomos ordenadas pastoras e desde então somos pastoras auxiliares na igreja local.
Eu faço parte do Conselho desde 1999. Temos muitas mulheres na igreja local que são líderes e supervisoras de células, cuidando de 15 a 60 pessoas cada. O Presbitério de Londrina também sempre apoiou o ministério feminino. Atualmente somos 25 pastores e 6 pastoras no Presbitério de Londrina (19% de presença feminina). Em 2020, 27 pastores e 12 pastoras (31% de presença feminina). Há ainda outra seminarista que iniciou a licenciatura, e duas mulheres que foram apresentadas e aprovadas como candidatas oficiais ao ministério da palavra e sacramentos.
O que significa para esta igreja e Presbitério ter seis novas mulheres ordenadas?
No período de licenciatura, a maioria das igrejas que compõe o Presbitério de Londrina (total de 11 igrejas) oportunizou que as licenciadas pregassem. E a aceitação foi incrível. Na realidade, a ordenação destas mulheres apenas confirmou oficialmente o ministério que elas já desenvolviam há anos. A igreja celebrou a conquista. Nesses dias vivenciamos muito acolhimento e muita alegria no Presbitério e na igreja local, com a ordenação delas.
Como as mulheres participam da vida administrativa e da vida espiritual da igreja?
As mulheres são atuantes na vida espiritual. Atualmente são aproximadamente 250 células, e destas, 135 células estão sob a liderança feminina (55%). Na estrutura de célula, a liderança acima do supervisor é exercida por uma área de superintendência que é composta de 15 a 30 células, aproximadamente. Cinco das mulheres ordenadas pastoras eram superintendentes de área; já vivenciavam o pastoreio e o cuidado na vida espiritual sendo responsáveis pelo acompanhamento dos membros de suas áreas: discipulado, visitas domiciliares e hospitalar, aconselhamento, formação de liderança, ministração de cursos, movimento de oração, casamento, e muitas outras atividades.