A Federação de Igrejas Evangélicas do Uruguai compartilhou com a organização de Parentes de Detidos Desaparecidos da última ditadura cívico-militar uruguaia, uma carta de reconhecimento pelo compromisso com a verdade e a justiça. Todo dia 20 de março, a Marcha do Silêncio é realizada no Uruguai para reivindicar as pessoas desaparecidas, mas este ano, devido a medidas de distanciamento social, a manifestação não será realizada de forma presencial.
A Federação das Igrejas Evangélicas do Uruguai (FIEU) fez uma declaração em 15 de maio, dirigida à Instituição Nacional de Direitos Humanos e à organização civil Familiares de Detidos Desaparecidos, em reconhecimento, apoio e incentivo à tarefa que realizam, comprometidas com a busca pela verdade e pela justiça diante dos quase 200 desaparecimentos realizados pela última ditadura cívico-militar (1973-1985), além de promover e acompanhar os julgamentos dos autores materiais e intelectuais das torturas, assédios e mortes ocorridos durante o Terrorismo de Estado.
Este ano, a marcha histórica de 20 de maio, que desde 1996 é organizada por Familiares de Detidos Desaparecidos, juntamente com outras organizações sociais, não poderá ser realizada em forma presencial, dada a situação de distanciamento social exigida pelas autoridades de saúde diante à pandemia da covid-19.
A Marcha do Silêncio convoca milhares de pessoas no Uruguai, que mantêm um forte silêncio enquanto acompanham cartazes com as fotografias dos desaparecidos. Este ano, a marcha será “virtual” por meio de um audiovisual que será compartilhado por diferentes mídias.
A FIEU é composta por dois membros de nossa Aliança, a Igreja Evangélica Valdense do Rio da Prata e a Congregação Evangélica Alemã em Montevidéu, comunidade da Igreja Evangélica do Rio da Prata. Também são federadas as igrejas Metodista no Uruguai, Armênia Evangélica, Luterana Unida, Pentecostal Nascente e o Exército de Salvação, juntamente com entidades aderentes, como a Associação da Juventude Cristã.
Aqui está o texto da carta da FIEU:
Por meio desta carta e em nome do Conselho Administrativo da Federação das Igrejas Evangélicas do Uruguai, desejo expressar nosso apreço, apoio e incentivo à tarefa que, com muito sofrimento, comprometimento e perseverança, vocês vêm realizando há mais de quatro décadas, para conhecer a verdade sobre as pessoas detidas que desapareceram durante os tempos da ditadura civil-militar.
O profeta Jeremias, cheio de dor pelo sofrimento de seu povo, lamenta amargamente e destaca uma sequência das injustiças que são muito difíceis de superar, quando ele diz: E zombará cada um do seu próximo, e não falam a verdade; ensinam a sua língua a falar a mentira; andam-se cansando em obrar perversamente. (Jeremias 9: 5)
A verdade, mais cedo ou mais tarde, vem à tona, não importa o quanto você queira negar, ocultar ou deturpar. Essa é a nossa convicção, inspirada no evangelho de Jesus Cristo, crucificado pelos poderosos de seu tempo e ressuscitado por Deus como testemunha da verdade que prevalece sobre mentiras, enganos e até a morte.
Hugo Armand Pilón / Presidente